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Mostrando postagens de março, 2024

Caso H.M - VI - H.M. The brain that changed everything

O renomado anatomista Jacopo Annese foi o responsável pelo fatiamento do cérebro do Sr. Molaison após sua morte. Annese e seus colaboradores desenvolveram um projeto para a preservação do cérebro do paciente HM . Curiosamente, esse projeto foi proposto a financiadores antes do falecimento de Henry, que ocorreria em 2008. Muito se aprendeu com os erros de conservação do cérebro de Albert Einstein. Annese e sua equipe perceberam, na análise, que os hipocampos de Henry não foram completamente removidos (parte posterior). Provavelmente isso se deu por conta do grau de dificuldade da cirurgia. Havia uma lesão antiga no lobo frontal (E) provavelmente causada pelo manuseio instrumental durante a cirurgia de Henry (Síndrome de desconexão). O curioso é que Annese cogitou a possibilidade de a lesão ter sido realizada durante a retirada do cérebro de HM, mas a lesão tinha características mais antigas. Observaram-se, já nos processos de coloração citológica, manchas de Campbell Switzer no lobo

Caso H.M - V - Luke Dittrich em entrevista 20/09/2016

H.M. é um dos temas humanos de pesquisa mais importante e estudado de todos os tempos. Ele revolucionou o que sabemos sobre a memória hoje devido à amnésia que desenvolveu após uma lobotomia em 1953 para tratar a epilepsia grave que desenvolveu após um ferimento na cabeça sofrido no início da vida. A lobotomia foi uma cirurgia popular nas décadas do pós-guerra dos anos 1940 e 1950. Os médicos sabiam pouco sobre o cérebro ou como suas estruturas controlavam a emoção e a memória, a lobotomia e outras terapias, como a "pirototerapia", que induzia febre alta, podem soar desumanas para o ouvido moderno, mas eram consideradas as melhores do que se conhecia naquele tempo. Ainda havia muito a ser descoberto sobre o funcionamento do cérebro em 1950, e o Hartford Hospital e o Institute of Living estavam na vanguarda da experimentação. Médicos ambiciosos como William Beecher Scoville, de Hartford, e Charles Burlingame, do Instituto, estavam ansiosos para promover a pesquisa médica e dei

#002 - Dia regado a noraepinefrina

 03/03/2024 20:09 Dormi mal essa noite. Meu dia não rendeu muito. Estava irritadiço. Dormir bem é absolutamente necessário. Hoje tentarei ir mais cedo para cama (23h no máximo para acordar 06h). Outro fato interessante é que por questões de trabalho não treinei hoje. Fui fazer um lombo de porco assado agora a noite. Estava irritado, sem foco. Fiz aos trancos e barrancos, mas fiz, porém, hoje eu dei prioridade a outros assuntos na minha hora privada de exercícios. Preciso me lembrar de não fazer isso mais. Ajudar pacientes é importante, mas se eu não estiver bem, como os ajudarei? A única vantagem que tive hoje foi ver uma querida amiga e seu filho no almoço e começar a ler Clarice lispector "A paixão segundo G.H". Há uma parte legal em que ela fala de uma pessoa de três pernas que perdeu uma delas. A pessoa anda, mas a terceira perna é a que dava estabilidade, fazia um tripé. Acho que preciso reler essa introdução novamente. Meu amor (A.N.R) hoje se machucou no trabalho. Foi

Antologia Palatina - Possidipo de Pela

 “Que senda seguir vida a fora?  Na ágora, disputas e negócios difíceis;  em casa, preocupações;  no campo, fadigas de sobra;  no mar, assombro; no estrangeiro, se tens algo? Alarma.  Se estás mal de vida? Aflição.  És casado? Não te faltam cuidados.  Não o és? Vives muito sozinho.  Filhos dão trabalho;  sem eles, a vida se mutila;  a juventude é tola e a velhice fraca.  Há pois, só uma, entre duas opções: Ou não nascer jamais, ou morrer logo após o nascimento.”  (Possidipo de Pela) Tradução: RC Zarco

Caso H.M - IV - William Beecher Scoville e suas influências

 William Beecher Scoville - Neurocirugião - do Hospital de Hartford teve suas influências no que poderiamos chamar de psicocirurgia, a lista a seguir trata-se de influẽncias diretas e indiretas. Gottlieb Burckhardt - 1891 Ludving Puusepp - ~1900 Antônio Egas Moniz e Almeida Lima - 1935 Walter Freeman e James W. Watts - 1936 As datas referem-se aproximadamente a realização dos primeros procedimentos psicocirúrgicos ou proto-psicocirurgicos.

Caso H.M - III - William Beecher Scoville

William Beecher Scoville "Prefiro a ação ao pensamento, por isso sou um cirurgião. Gosto de ver resultados. Sou um mecânico de carros de coração e amo a perfeição na maquinaria. Assim, escolhi a neurocirurgia." Nasce: 13/01/1906, Philadelphia, Pennsylvania Falece: 25/02/1984 - Acidente Atomobilístico CID10: V87 Pai: Samuel Scoville Jr.  Mãe: Katherine Gallaudet Trumbull Scoville. O ex-marido de Emily Barrett. Casado em 30 de junho de 1934 em Hartford, CT. Pai de 03 filhos. Marido de Helene Scoville de Hartford, CT. Neurocirurgião do Hospital de Hartford. Famoso por sua cirurgia no "H.M." Henry Gustav Molaison em 1953 por epilepsia.  < https://pt.findagrave.com/memorial/97934406/william-beecher-scoville > Após concluir sua graduação em Yale (B.A., 1928 - Artes) Scoville frequentou e se formou na Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia em 1932.  No ano de 1941, tornou-se certificado em neurocirurgia. No mesmo ano em que concluiu seus estudos em neuroci

#001 O Cuidado com a pessoa

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volume_up 05/03/2024 16:30 Hoje, uma mulher de 63 anos foi avaliada por mim no consultório. Consulta longa. Iniciamos às 09:30 e terminamos por volta de 12:00. Um relato de dor difusa, quadro arrastado desde a década de 1990, mas o ponto forte não foi isso. Lá pelas tantas, estávamos falando sobre a vida e ela começou a me agradecer pela consulta. Disse que gostou bastante e que, em todos esses anos, ninguém havia feito isso com ela: deixá-la falar livremente sobre suas demandas (que eram muitas). Disse que ninguém nunca a havia examinado daquela forma, exceto um neurologista na década de 1990 (referência a um exame neurológico simples, mas bem completo). Ao final, disse ela saindo da clínica: _ Estou andando até melhor, parece! Rimos. Isso massageia o ego. É delicioso de se ouvir, mas, por outro lado, é péssimo. Os profissionais já não ouvem mais os seus pacientes. Eu falo em "tiktoquização" procedimental para um monte de coisas, e creio que esse termo se aplica ao contexto

Caso H.M - II - State Man's Tragedy Unlocked Secrets Of The Brain

 H.M., 'Dead At 82 ARIELLE LEVIN BECKER 6 de dezembro de 2008 O homem que mudou fundamentalmente nossa compreensão de como o cérebro funciona viveu por quase três décadas em uma casa de repouso Windsor Locks, um homem agradável com uma memória danificada. Henry Gustav Molaison, um nativo de Hartford, viveu em relativa obscuridade. Mas como "H.M.", o nome usado para disfarçar sua identidade, Molaison ganhou uma espécie de fama anônima, um homem que havia sido estudado por mais de 100 pesquisadores e se tornou um marco nas aulas de psicologia. Molaison morreu de parada respiratória e pneumonia aos 82 anos na terça-feira, 55 anos após uma operação experimental em Hartford ter removido parte de seu cérebro. A cirurgia o deixou incapaz de formar novas memórias, embora ele se apegasse a memórias anteriores e habilidades intelectuais. "O que aprendemos com ele foi inovador", disse Suzanne Corkin, neurocientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que trabalhava

#00 .Diário de bordo

 #00 03/03/2024 01h51m Hoje começo um exercício longo de escrita. Dizem por aí que escrever 500 palavras em um dia é algo que alimenta o mostro da escrita criativa. Assim o farei. Tentarei fazer isso. Sem a ajuda de corretores e afins. Haverá sempre um número e uma data e hora nesse meu diário. Eventualmente apontarei situações e contextos que possam justificar o tom do texto. Posso fazer duas entradas em um mesmo dia. Apenas farei uma divisão na página com sinais de igualdade e farei menção à hora e talvez o contexto. Isso não gerará um novo número. Por exemplo, se hoje eu fizer 03 entradas de texto, o número da edição será #00. Tenho sono. Dormirei agora.